Fratelli Massas: agroindústria familiar é exemplo em Boa Vista da Aparecida
Com quinze anos de funcionamento, a Fratelli realiza vendas sob encomenda ao consumidor final

Janaína Pazza
Pizzas, pães, bolachas, macarrão... faltam dedos nas mãos para contar a variedade de produtos que a Fratelli Massas, empresa familiar boavistense, produz. Em funcionamento há quinze anos, muita gente não sabe como começou a história desse empreendimento que agrada o paladar de tanta gente.
Antes disso, uma reviravolta aconteceu na vida da família Marques. Ao entrar em depressão após terem sua casa roubada, Adriana e seu esposo, Marcelo Marques foram morar no sítio da família dela e lá passaram a viver. Adriana tomava medicamentos contra a depressão há mais de um ano quando resolveu procurar ajuda. "Um pastor da Igreja Assembleia de Deus me falou que se eu tivesse fé, Deus iria me curar, mas ele me orientou a continuar tomando os medicamentos para que o meu corpo não tivesse alguma reação negativa". Porém, ao contrário do que foi orientada, Adriana abandonou a medicação. Ela sofreu com a abstinência, mas insistiu e conseguiu driblar a dependência aos remédios.
Durante esse processo, com a intenção de animar a amiga, a vizinhança da família organizou um jantar com pizzas. Todos levaram formas, ingredientes e fizeram uma confraternização para incentivar Adriana a reconstruir a sua vida. "Nossos vizinhos foram um diferencial, desde a minha recuperação e o início do nosso trabalho com massas. Posso dizer que 50% da minha cura se deve a eles e o restante, à minha fé. Eles sempre nos apoiaram, acreditaram em nós e nos apoiam até hoje".
Na segunda vez em que se reuniram, veio a sugestão para que a família investisse na produção de massas. E assim começou. Embora estivesse afastada do trabalho por conta de sua condição médica, Adriana era funcionária da panificadora de um supermercado há mais de três anos. Pediu demissão e com o dinheiro do acerto, comprou o primeiro cilindro de massas. "Começamos a vender alguns produtos na cidade, como pães e lasanhas, batendo de porta em porta. O Marcelo saia para a cidade depois de chegar do trabalho, com uma caixa de batedeira amarrada na moto", conta Adriana.
Com a ajuda da prefeitura, o casal fez a documentação para abrir empresa e também a adequação no espaço para comercializar a produção de forma legalizada. Adriana nunca fez cursos voltados a massas ou panificação, mas aprendeu com a experiência adquirida por onde trabalhou. "Desde os doze anos trabalhei como doméstica. Nessa época, a dona da casa me pedia para fazer bolachinhas, eu dizia que não sabia, mas acabava fazendo e assim fui aprendendo algumas coisas". Anos mais tarde, casada, foi trabalhar fora do estado e em um dos restaurantes onde iria lavar a louça, foi convidada para fazer um teste na sala de massas. Aprovada, assumiu toda a produção de massas do restaurante. Depois disso, como cozinheira em uma casa de família, aprendia receitas em livros e programas culinários de TV a cabo. "Fui agregando conhecimento naquele período. Quando voltei para Boa Vista, consegui emprego na panificadora do antigo Supermercado Neves, onde permaneci até começar meu próprio negócio"
No tempo da vovó
Apesar do crescimento das vendas, com entregas dentro e fora da cidade, as receitas das massas permanecem sem misturas prontas. "Já recebi vendedores aqui que disseram que estamos no tempo da vovó, pois optamos por não usar misturas prontas em nossa produção, o que facilitaria o nosso trabalho. Porém, vamos manter nossas receitas caseiras, pois é esse o nosso diferencial". De acordo com Adriana, não são utilizados óleos vegetais nas receitas. "Nós usamos banha e manteiga, que são ingredientes que dão os melhores resultados nos nossos produtos".
O leite, ingrediente utilizado em todas as receitas, é produzido na propriedade da família. "Meu irmão cuida da produção do leite, que é absorvido em grande parte na fábrica de massas. Os ovos também são da propriedade, embora ainda há necessidade de comprar fora para suprir a demanda".
O carro chefe das vendas são as pizzas. Com mais de trinta sabores, de segunda a sábado, o cliente pode chegar na fábrica, escolher a sua preferência e sair com sua pizza pré-assada. A família ainda produz lasanha, tortéi, caneloni, rondele, três tipos de macarrão, pão, broa de milho, bolachas caseiras. Perguntada sobre os planos futuros, Adriana respondeu que eles não tem pretensão de expandir a empresa. "Não preciso produzir uma grande quantidade, mas manter a minha qualidade e os clientes que já temos. Minha filha e minha mãe trabalham conosco, é uma empresa familiar e não queremos que isso mude. Com a atual produção, vivemos bem, temos tempo para frequentar a Igreja e para passear", explica.
As vendas são feitas somente ao consumidor final, ou seja, não há pontos de revenda. As entregas são feitas por encomenda ou podem ser retiradas no local, de segunda à sábado, das 08 às 18 horas.
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