Às 10h, quando a Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa) abrir seu pregão de hoje, todos os olhos — no mercado e fora dele
— estarão voltados para os papeis de maior tradição a circular por ali, os
da Petrobras. No Twitter, a jornalista Vera Magalhães disse que os
operadores esperam “caos e barbárie” na abertura. Na
sexta-feira, após o encerramento dos negócios, o presidente Jair
Bolsonaro anunciou a demissão do presidente da
estatal, Roberto Castello Branco, e sua substituição por mais um militar, o
general da reserva Joaquim Silva e Luna.
Míriam Leitão: “A Petrobras está sob intervenção de
militares. O golpe foi executado em detalhes. Ao anunciar que
indicava Silva Luna também para ser um dos membros do Conselho de
Administração, o governo convocou uma Assembleia Geral Extraordinária. A
Lei das S/A de 2001, artigo 141, parágrafo terceiro, diz que sempre que
houver a destituição de um membro do conselho todos os outros estão
destituídos. Assim, o governo preparou o bote. Se houvesse resistência ao nome
do general Luna, entre os seus representantes no Conselho de Administração,
todos os nomes restantes seriam trocados. À noite, o governo informou que
os reconduzia. Contudo, ficou sobre eles a espada. Bolsonaro é inimigo do
liberalismo econômico e derrubou o valor da ação da Petrobras. Mas isso se
recupera no futuro. O bem mais caro que Bolsonaro ameaça é a democracia. O
país sabe o alto preço que pagou por ela.” (Globo)
Ainda não está claro como o Conselho vai
reagir. A resistência à intervenção diminuiu durante o fim de semana — os
Conselheiros acreditam que a política de preços, duramente criticada por Bolsonaro,
está blindada de interferências pelas mudanças feitas em 2018 no estatuto
da companhia. Cinco dos sete representantes do governo no conselho
cogitaram em renunciar após a demissão de Castello Branco, mas avaliam que
é mais produtivo ficar e defender a independência da Petrobras. (Folha)
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estuda abrir um processo para avaliar se a
troca feriu as regras do mercado. Embora tenha sido anunciada somente a
após o fechamento do pregão de sexta, a mudança havia sido ventilada na
véspera por Bolsonaro, fazendo com o valor de mercado da companhia encolhesse em R$ 28 bilhões no último
dia da semana. (Globo)
Então... Para os acionistas minoritários, é
crescente o temor de aumento da ingerência política na estatal.
(Estadão)
E é por isso que a intervenção na Petrobras repercutiu
muito mal entre as gestoras ao longo do fim de semana. A XP rebaixou a recomendação dos papéis da
estatal de “neutro” para “venda” e o preço-alvo das ações de R$ 32 para R$
24. (Estadão)
Outro temor no mercado é que a mudança trave a venda de refinarias e da participação
da Petrobras em subsidiárias. (Globo)
Minutos após o anúncio da troca, o ex-presidente do BC
Gustavo Franco tuitou: “Boa tarde, Venezuela.” A
comparação faz sentido. Em 2000, Hugo Chávez trocou o
executivo Hector Civaldini pelo general Guaicaipuro Lameda Montero na
presidência da estatal PDVSA. (Globo)
O intervencionismo de Bolsonaro não deve
parar por aí. Ele prometeu “botar o dedo o setor elétrico” e forçar a redução nas contas de luz usando R$ 70
bilhões de um fundo setorial e tributos federais. O objetivo é turbinar sua
popularidade com vias à reeleição. (Folha)
Não que surpreenda... Mas apesar de a
intervenção na Petrobras ser uma afronta direta ao ideário liberal que
defende, Paulo Guedes não deve deixar o governo. Pelo menos
não agora. Pessoas ligadas ao ministro da Economia dizem que ele prefere
aguardar a votação de medidas de ajuste fiscal. Deixar um legado de
controle nos gastos públicos seria uma saída honrosa para Guedes, afirmam
auxiliares. (Globo)
Cidades em pelo menos 12 estados e no
Distrito Federal tiveram neste fim de semana carreatas contra o presidente Jair
Bolsonaro. Os manifestantes exigem a garantia de vacinas contra Covid-19
para toda a população e a retomada do auxílio emergencial. (UOL)
Para o Centrão, a manutenção da prisão
decretada pelo STF já foi punição suficiente para o deputado Daniel
Silveira (PSL-RJ). O grupo articula que o Conselho de Ética, que deve
retomar as atividades amanhã, o puna com, no máximo, suspensão do mandato por ter defendido
o AI-5, o fechamento do STF e a agressão a seus ministros. A estratégia é
simples: esticar o processo até que alguma outra crise desvie a atenção da
opinião pública. (Folha)
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